Estudo comparativo da eficácia de 10 drogas antiepilépticas em idosos com epilepsia
domingo, 22 de maio de 2011

A Epilepsia atualmente tem uma distribuição etária bimodal, sendo a ocorrência do primeiro pico na infância, mais

propriamente no primeiro ano de vida e a do segundo pico da curva iniciando-se por volta dos 60 anos de idade. A

importância destes dados epidemiológicos é ainda maior quando nos defrontamos com o fato de existirem vários

fatores complicadores no manejo da epilepsia em grupos de idosos. Estes fatores que complicam a atuação do

médico em busca do melhor manejo e controle das crises, incluem desde doenças associadas, passando pelas

interações medicamentosas e alterações na farmacocinética do medicamento,até ao impacto ou potencial ação

junto ao sistema nervoso central. Cada um destes fatores ou todos juntos podem levar a efeitos colaterais

indesejados.

Se não considerarmos o fator custo de tratamento, o padrão ouro para uma boa droga anti epiléptica é ter eficácia

no controle das crises e boa tolerabilidade ( medidida pela aderência* ao tratamento)

 

 

 

 

 

*Medida pela porcentagem de pacientes que iniciaram o tratamento com uma droga e continuam usando o mesmo medicamento após um dado

período de tempo.

 

 

 

 

 

Segundo os autores os estudos comparativos até então entre drogas anti epilépticas em idosos, comparavam duas

a três drogas .Geralmente as drogas mais frequentemente comparadas são a lamotrigina, a gabapentina e a

carbamazepina, sendo que na maioria destes estudos a lamotrigina já se mostra mais eficaz.

Neste estudo retrospectivo, foram avaliados pacientes com mais de 50 anos de idade, com uso de medicamentos

anti- epilépticos por 5 anos.

Inicialmente os autores compararam 15 medicamentos anti- epilépticos, sendo que cinco deles foram retirados da

avaliação inicial, pois representavam apenas 10% do total de pacientes tratados, os outros 10 medicamentos eram

utilizados em 90% da amostra, sendo eles lamotrigina, gabapentina, levetiracetam, carbamazepina, clobazam,

fenitoína, topiramato, valproato de sódio, zonizamide e a oxcarbazepina.

Os melhores resultados obtidos neste estudo foram o da lamotrigina com aderência de 79% e eficácia de 54% e

levetiracetam (73% de aderência ) e (43% de eficácia).

Por outro lado os piores desempenhos nesta população de idosos foram a carbamazepina com 48% de aderência e

oxcarbazepina com 24%.

Comentários: A maior longevidade da população mundial tem impactado de maneira importante a epidemiologia

de várias doenças. Certamente a epilepsia, principalmente a de causa secundária é um bom exemplo deste

fenômeno. Há algumas décadas a incidência e prevalência da epilepsia tinha uma distribuição monomodal, com o

pico alojado na primeira infância. Com o aumento da expectativa de vida , no final do século passado esta curva já

se desenhava com perfil bimodal, sendo o segundo pico prevalente em indivíduos maiores de 60 anos.

Inicialmente a abordagem terapêutica destes pacientes obedecia aos conhecimentos já bem sedimentados, do

comportamento das medicações em populações mais jovens. No entanto, os pacientes idosos exigem cuidados

diferenciados quanto a indicação terapêutica, mormente pelo fato de serem frequentemente usuários de vários

medicamentos para outras patologias comuns para a faixa etária e as interações medicamentosas podem ser

desastrosas e iatrogênicas.

Neste sentido, estudos como este que apresentamos acima, são fundamentais para nos auxiliar na melhor escolha

medicamentosa do paciente epiléptico idoso.